24 fevereiro 2010

5:14 am

O relógio tá torto
as garrafas vazias
o disco repetindo apenas
blues... blues... blues...

E se eu abrir a porta?
notas de um baixo mal tocado
chegarão pelo vento...

O cigarro apagou,
o dia também. Noite.


*** para ouvir: Killing in the name - Rage Against the Machine ***
(porque tem dias que só ouvindo Rage mesmo para passar)

20 fevereiro 2010

Um momento qualquer

Não me recordes teu rosto
que a paixão fora de hora
tirou-me até as nuvens do céu…
Não me iluda com estes teus olhos
e tua inocência bendita
que me suga até o ar dos pulmões…
És meu poema em movimento
neste itinerário sem fim,
minha doença, esta loucura
mascarada pelo desejo de tocar teus lábios…
teus doces lábios de querubim.
Contra todas as minhas forças
tua inocência… bendita…
me iludindo… com teus olhos…


*** para ouvir: Sereníssima - Legião Urbana ***

16 fevereiro 2010

Essência

Perco-me do começo ao fim de mim mesma,
e em minha mente infecunda
guardo-te para quando encontrar sentido
para essa dor que já nem sei se passa
ou vai comigo o tempo todo...
o tempo vai... tudo passa...
Quanto tempo levo para (re)sentir teu abraço?
Para me (re)confortar em teu corpo?
Me fundir em teu ser etéreo, leve, louco ?!?
Teus olhos refletem meu medo e minha indecisão.
Não sei... é... não...




(em 08/06/09, e agora (re)encontrado)

11 fevereiro 2010

Impaciente

Finjo ser tristeza e poesia
em cada pedaço esvoaçante de papel
um verso meu,
frágil... melancólico...
Me incomodam os beijos bêbados
dados, vendidos, deixados
nesses cantos tristes
onde – quem sabe? – seja meu lugar,
um esconderijo para os destroços
ou uma carona cega para os dias de riso
e de saciedade.


*** para ouvir: Radio/Video - System of a down ***

10 fevereiro 2010

Desabafo de bolso

O dia todo, alguém esteve a me vigiar.
Bem de perto, o dia todo...
era o tempo.
E o que eu ainda queria ser
Foi com ele.

09 fevereiro 2010

De dentro do sono

Pedi para não sentir, mas sinto muito
e perco para mim mesma
as apostas feitas quando escuro
promessas feitas quando esqueço.
Gargalhadas alheias
são como dores adotadas,
não quero ouvir
mas elas me abraçam com calma
e me levam de mim.
Quando sonho.  
 
 
*** para ouvir: Drão - Gilberto Gil ***

06 fevereiro 2010

Carta sem destinatário

Vivo a sonhar com o eco de seus passos pelo assoalho e com o reflexo de suas cores nas tardes de sol. Eu pedi sua foto, mas não pensei que poderia perder todo o resto. Não quero mais seu retrato antigo, nem aquele em que estamos sorrindo, não quero. Tudo acabado. Você não quis, não me deixou mimar você, tinha tanta pressa! Não adiantou gritar seu nome pelas ruas vazias e nem correr para encontrar sua casa inabitada. E eu, que queria quebrar os muros, desarrumar você, incendiar seus rascunhos secretos... enlouqueci com a indecisão e implorei: - Me beije!!! Me arranhe!!! Me aqueça!!! Mas não feche a porta... Agora, quando você vier, só peço que me traga uma estrela, qualquer uma, por que já não quero mais aquela foto em sepsia onde sorrimos juntos, sorriso amarelo e sem emoção. Deixarei você ficar no meu sonho, nos porta retratos antigos e empoeirados espalhados pela casa.

05 fevereiro 2010

Redundância

Não me venha cobrar
poemas novos...
a inspiração morreu
e eu queimei os manuscritos.

Não me venha contar
anseios seus...
a paz desvaneceu
e eu aposentei os sapatos.

Não quero ser seguida
muito menos ser descrita
por palavras toscas
num descaminho tardio.
 
 
** visitem também: Os Letreiros.